Uma anta macho já está quase fazendo parte de uma família em Anaurilândia, a 379 quilômetros de Campo Grande. No último final de semana, Tico, como foi nomeada o animal, entrou na residência do seu José Maurício, de 81 anos, como se fosse de “casa” e até comeu algumas frutas.
A cena chamou atenção pela naturalidade com que o animal silvestre se comportou em meio às visitas que José recebia no momento. Segundo a filha do idoso, Cristina Tomazini, Tico começou a ficar conhecido na cidade após aparecer em uma propriedade rural.
“O dono a encontrou meio debilitada e magra e desde então começou a alimentá-la. Depois de um tempo ela passou a frequentar outros lugares até chegar na casa do meu pai”, disse ela.
Cristina explicou que a chácara do pai é perto da cidade e um pouco distante da propriedade onde ela começou a ser tratada. “Estávamos esperando para tomar café da manhã. Tanto é que eu estava chegando com o pão na hora que ela apareceu. Ela já tinha tentado entrar outra vez, mas meu pai não deixou. Dessa vez permitiu”, contou.
“Mal acostumado”, Tico tem voltado todos os dias desde que foi recebido dentro de casa, mas só lhe é permitido ficar no quintal, não mais ir até a cozinha, por exemplo.
Segundo ela, o animal percebeu a quantidade de frutas que têm no quintal do pai e por isso ele sempre volta.”Então todo dia desde que veio aqui a primeira vez, tem voltado para se alimentar”, finalizou.
Conforme a coordenadora do Incab (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira), Patrícia Medici, há muitos relatos de encontros com antas na região de Anaurilândia e Sonora, município vizinho. “A presença de antas é comum em Mato Grosso do Sul, eventualmente elas cruzam áreas urbanas em Campo Grande, por exemplo”, explicou.
Sobre o caso específico do Tico, ela afirma que é uma situação diferente. “A gente consegue detectar que ela é alimentada, e pelo fato dela estar ali, aparenta estar relativamente confortável na presença das pessoas. Então a gente deduz que ela tenha crescido por ali, o que também é uma coisa bem comum no Estado”, afirmou.
Apesar da cena fofa, Patricia lembra que o animal tem um instinto selvagem e em espaços contidos ela pode apresentar comportamento um pouco agressivo. “É um animal grande, de 200, 300 quilos, então ela pode causar estragos. É um animal que morde, que se debate e pode causar um impacto. Nós temos muitos relatos de pessoas que foram mordidas ou feridas por antas fêmeas, com filhotes”, finalizou a coordenadora do Incab
Fonte: CAMPO GRANDE NEWS