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Cris Terena, suplente de vereadora, é a indígena com o maior número de votos do MS

ByNewsDourados

out 8, 2024

Cris Terena é a primeira mulher indígena a chegar na suplência de vereadores em Dourados

A eleição de Cris Terena como a mulher indígena mais votada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no estado de Mato Grosso do Sul simboliza um momento histórico para a representatividade indígena no poder político local. Embora tenha ficado como primeira suplente para a Câmara de Vereadores de Dourados, sua expressiva votação demonstra que os povos indígenas estão cada vez mais presentes nas discussões sobre o futuro das cidades e do estado.

A presença indígena no cenário político de Mato Grosso do Sul não é recente, mas por muito tempo foi silenciada ou sub-representada. O estado, historicamente marcado por conflitos agrários, violação de direitos e dificuldades na demarcação de terras indígenas, abriga uma das maiores populações indígenas do país. As comunidades indígenas, especialmente os Guarani-Kaiowá, enfrentam desafios constantes, desde o genocídio cultural até a exclusão dos espaços de poder. Nesse contexto, o Partido dos Trabalhadores tem se destacado como um dos partidos que mais abraça essa causa, reconhecendo que a luta dos povos indígenas não é apenas por terras, mas pela sobrevivência e preservação de sua cultura e direitos.

Cris Terena é a primeira mulher indígena a alcançar a suplência de vereadora em Dourados, um marco significativo para a representatividade indígena no poder político local. Embora tenha ficado como primeira suplente para a Câmara de Vereadores de Dourados, sua expressiva votação demonstra que os povos indígenas estão cada vez mais presentes nas discussões sobre o futuro das cidades e do estado.

Tiago Botelho, candidato a prefeito de Dourados mais votado nas seções eleitorais das Aldeias Bororó e Jaguapiru, afirma que “A eleição de Cris Terena e de outros líderes indígenas simboliza mais do que um avanço eleitoral. O Partido dos Trabalhadores tem ampliado o apoio às candidaturas indígenas, e isso fica evidente em todo o estado. Nomes como Fred Frank (Aquidauana), Sérgio Terena (Nioaque), Evair Terena e Cacique Ed Antônio (Miranda), Carla Mayara (Porto Murtinho) e Joanir Kaiowá (Amambai) foram eleitos vereadores pelo PT, mostrando a força do movimento indígena dentro da política partidária”.

A força dessas candidaturas também foi sentida em Aquidauana, onde as quatro candidaturas indígenas representaram 49,1% de todos os votos da chapa do PT no município. Juntos, Fred Frank, Simone Terena, Tico Lipu e Dani Luiz somaram 1.746 votos dos 3.556 obtidos pelo Partido dos Trabalhadores, um claro reflexo da articulação indígena na política local.

Além dos eleitos, o PT também conta com outras três primeiras suplências indígenas: Simone Terena (Aquidauana), Menoty Terena (Dois Irmãos do Buriti) e Cris Terena (Dourados), sendo Cris Terena a candidata mais votada de todo o PT no estado.

Com o menor fundo eleitoral de campanha entre os principais candidatos de Dourados, o grupo político liderado por Tiago Botelho e Laerte Tetila, candidatos a prefeito e vice-prefeito, incluiu figuras históricas do PT Douradense como o ex-deputado federal João Grandão e Gleice Jane, atual deputada estadual. Para a deputada, “as candidaturas indígenas dentro do PT não surgem por acaso. Elas são parte de um esforço maior do partido em fortalecer políticas de inclusão, equidade e justiça social. O PT tem uma longa trajetória na defesa dos direitos dos povos indígenas, desde a luta pela demarcação de terras até a criação de programas de políticas públicas voltados para a promoção da educação e saúde nessas comunidades. A eleição de indígenas para cargos legislativos é um passo decisivo na concretização de uma agenda que respeita e valoriza a diversidade cultural e as especificidades desses povos”.

A professora Cristiane Terena, conhecida como Cris Terena, reside na Aldeia Jaguapiru e é professora da Escola Municipal Ramão Martins, atribui o resultado de se tornar a mulher indígena mais votada da história da cidade e a primeira a ocupar a suplência na Câmara Municipal ao reconhecimento de que os povos indígenas não estão apenas reivindicando seus direitos, mas também tomando as rédeas do processo político, trazendo suas pautas para o centro do debate. “O caminho, no entanto, ainda é longo, e a inclusão indígena, sobretudo de mulheres, nos espaços de poder precisa ser consolidada com políticas públicas que assegurem a continuidade desse movimento”, finaliza a candidata.

O Partido dos Trabalhadores (PT) de Dourados garantiu duas vagas na Câmara Municipal nas eleições de domingo (6), marcando um retorno expressivo após oito anos com apenas um vereador. O jovem Franklin Schmalz, de 29 anos, foi eleito com a segunda maior votação da cidade, sendo o primeiro LGBT a se tornar vereador no município, recebendo 2.452 votos. Ele se juntará ao veterano Elias Ishy, reeleito para o seu sétimo mandato com 2.024 votos. Esse desempenho reforça o crescimento do PT em relação aos pleitos anteriores, nos quais, desde 2016, o partido mantinha apenas uma cadeira.

Fonte: Folha de Dourados

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