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“Minha filha morreu para mim”, diz o avô da menina morta pela mãe e padrasto na Capital

ByNewsDourados

jan 28, 2023

Está sendo velada nesta manhã (28) o corpo da menina de dois anos que foi assassinada pela própria mãe e pelo padrasto, em Campo Grande, em decorrência de uma série de agressões e maus-tratos. O crime aconteceu na quinta-feira (26) e foi descoberto pela equipe médica da Unidade de Pronto atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino, quando a vítima foi levada para tratamento médico, porém, já chegou morta ao local.

Além de familiares e amigos, muitas pessoas que se comoveram com a história também estão acompanhando a despedida no Cemitério Jardim das Palmeiras, no bairro Jardim Seminário. O pai biológico da menina não quis falar com a imprensa até agora e está muito abalado ao lado do caixão, ao lado do companheiro. Os dois tentaram, por mais de uma vez, assumir a guarda da criança, mas a Justiça não autorizou e nem mesmo reconheceu a denúncia de maus-tratos registrada por eles contra a ex-esposa e o atual marido dela.

Em vídeos compartilhados pelos familiares nas redes sociais, é possível ver que a menina era sorridente, alegre e muito carinhosa para com todos ao seu redor. Inocente, em uma das mídias disponibilizadas é possível ver que ela confessa ter ‘apanhado’ do padrasto, apesar disso, estava feliz ao conversar com a sua bisavó pelo telefone. Vizinhos disseram à imprensa que a rotina da casa era de muito choro, gritos e barulhos de chineladas diariamente.

O avô da menina e pai da mãe dela, de 45 anos, está no velório e contou aos jornalistas que vive um luto duplo. “Perdi a minha neta, minha grande alegria, e também perdi a minha filha, pois o que ela fez não tem perdão. Ela morreu para mim”, revelou emocionado, acrescentando que está sem acreditar no fato até agora.

Outras pessoas ouvidas dizem que o sentimento não é apenas de luto, mas de Justiça. O casal responsável pelo assassinato deve passasr por audiência de custódia ainda neste sábado e saber se terão a liberdade concedida ou se serão transferidos para algum presídio para aguardar a conclusão do inquérito.

Ainda ontem (27), policiais da Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), juntamente com a Polícia Científica, estiveram na residência do casal, no bairro Vila Nasser, em Campo Grande, onde ficaram por cerca de duas horas realizando a perícia e recolhendo objetos que podem ser usados como prova das agressões e maus-tratos relatados pelo pai biológico da vítima, além de outras testemunhas, como familiares e vizinhos.

Entre os objetos apreendidos está um HD, a investigação apura a possibilidade do padrasto ter estuprado a enteada ou até mesmo ter produzido vídeos dela para compartilhar na internet. Além dos três, outras duas crianças, sendo uma de cinco anos que é filho somente dele,  e um recém-nascido de seis meses filho do casal, também moravam na casa. As crianças ficavam sempre com o homem durante o dia enquanto que a mãe saia para trabalhar.

Casal pretendia mentir sobre as lesões na menina

Casal que matou criança na Capital aguarda por audiência de custódia
Delegada Anne Karine Sanches Trevizan, títular da DEPCA (Foto: Reprodução)

Antes de serem presos pelo assassinato da menina, a mãe e o padrasto combinaram uma justificativa para os sinais de violência evidentes em todo o corpo da vítima. O casal pretendia dizer que a criança havia caído de um brinquedo alto dentro de um playground, entretanto, os próprios médicos e enfermeiros, ao constatar o óbito, evidenciaram que as marcas não eram de uma simples queda, mas decorrente de agressões físicas de longa data.

A delegada Anne Karine Sanches Trevizan, títular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e responsável pelo caso, disse em coletiva de imprensa que tanto o padrasto quanto a mãe da criança não demonstraram arrependimento e foram muito frios ao responderem e confessarem as agressões praticadas contra a vítima ao longo dos últimos meses. O Conselho Tutelar e a própria delegacia já haviam investigado o casal e o caso levado à Justiça em 2022.

O histórico na Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) aponta que foram mais de 30 vezes que a menina esteve em atendimento médico em diferentes unidades de saúde da cidade em decorrência de lesões e ferimentos provocados pela violência do casal, em especial do seu padrasto, que chegou até mesmo a celebrar quando a morte da enteada aconteceu, segundo disseram os vizinhos. Em uma dessas vezes em que foi buscar pelo médico no posto, a criança tinha fraturado a tíbia.

A mãe disse, na sua versão, que o marido tinha o costume de bater na filha, mas como forma de correção e que permitia isso. Ainda segundo ela, a filha estava passando mal desde a noite de quarta-feira (25), reclamando de dores na barriga e que demorou para procurar por ajuda médica por orientação dele, que a recomendou esperar a criança melhorar. Quando decidiu levar à Unidade de Pronto Atendmento (UPA), a menina já estava morta.

A polícia apontou também que o padrasto tem o perfil de uma pessoa violenta, inclusive, com histórico e denuncias de violência doméstica feito pela sua ex-esposa. Os vizinhos da família disseram à imprensa que era muito comum ver todas as crianças chorando diariamente, além de gritos de broncas e barulhos de chineladas, entretanto, jamais acreditaram que fosse algo tão terrível ao ponto do que está sendo revelado agora.

A delegada detalhou na coletiva que o pai biológico da menina estava tentando a guarda, além disso, ele mesmo chegou a fazer duas denúncias contra o padrasto por violência e maus-tratos ao ver, por mais de uma vez, lesões no corpo da menina. O primeiro registro feito foi no dia 31 de dezembro de 2021, quando encontrou hematomas e indagou a ex-esposa que alegou que a menina tinha sido arranhada por um gato ou que então que tinha caído ao brincar com os irmãos.

No dia 21 de novembro de 2022 o pai voltou a procurar a DEPCA, na oportunidade, a criança quebrou a perna sob a justificativa da mãe de que tinha caído dentro do banheiro. Neste caso, a criança chegou a ser ouvida por psicólogos na delegacia e foi pedido exame de corpo de delito. Tudo isso foi parar na Justiça, mas o processo não avançou até então.

O pai da vítima, que atualmente é casado com outro homem, disse que o padrasto não gostava dele por conta do seu relacionamento e que a ex-esposa, com quem foi casado durante três anos e há um estava separado, também não permitia que ele ficasse com a guarda da filha por preconceito. A própria visita só foi possível depois que entrou na Justiça.

O padrasto e a mãe estão presos e aguardam pela audiência de custódia para saber se serão encaminhados para presídios ou se poderão aguarda a conclusão do inquérito em liberdade. Quanto à investigação, a delegada informou que aguarda pela confirmação da causa da morte, que será apontada pelos exames do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

O caso

Padrasto e mãe, 25 e 24 anos, foram presos em flagrante, na noite de quinta-feira (26) pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil acusados de espancar e matar a filha, de apenas dois anos e sete meses de idade, em Campo Grande. A criança deu entrada, morta, na Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Coronel Antonino.

De acordo boletim de ocorrência, a menina foi levada ao posto de saúde pela mãe com várias lesões pelo corpo, mais precisamente, nas costas, no braço, joelho, olho e também um inchaço ao ombro esquerdo, além de estar com abdômen inchado. As médicas plantonistas fizeram o atendimento e constataram que a criança já estava sem vida, inclusive com início de rigidez cadavérica, calculando que a morte poderia ter ocorrido a cerca de quatro horas antes.

Diante do caso, a polícia foi acionada, sendo informado ainda pelas médicas que estranharam a calma e tranquilidade da mãe, após receber a notícia do óbito da filha. “Apenas veio a demonstrar nervosismo, quando informada que seria acionada a polícia”, relatou uma das médicas.

Ainda de acordo com registro policial, a mãe negou em primeiro momento as agressões, mas depois mudou a versão passando a contar que trabalhava o dia todo e que seu marido, cadastro da criança, cuidava da menina e que ele dava tapas e socos para “corrigi-la”. Ao final, também, a mulher acabou confessando que batia na própria filha.

Em diligência, no endereço do casal, na Vila Nasser, o homem foi preso. Ele relatou que havia agredido fisicamente a menina há cerca de três dias atrás.

O delegado Pedro Henrique Pillar Cunha, plantonista da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro, disse que a suspeita de abuso sexual foi, preliminarmente, descartada pela polícia, porém o casal, foi autuado pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil. A polícia solicitou a prisão preventiva do casal.

Fonte: Enfoque MS

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