Brasil terá de parar outra gigante em busca do título inédito; veja análise
Do outro lado, uma ameaça à altura. Para conquistar seu primeiro título mundial, o Brasil terá de fazer o que ninguém conseguiu até aqui. Atual campeã, a Sérvia chega à decisão invicta e com apenas sete sets perdidos em 11 jogos. De quebra, tem ao seu lado uma das melhores atacantes do mundo na atualidade. Tijana Boskovic representa mais um perigo ao time de José Roberto Guimarães na competição. Mas, ao lembrar das vitórias contra a Itália de Paola Egonu, as brasileiras parecem saber o caminho para parar gigantes.
Brasil e Sérvia vão à quadra montada no velódromo de Apeldoorn, na Holanda, neste sábado, às 15h (horário de Brasília). A TV Globo, sportv2 e o ge transmitem a final do Mundial ao vivo.
Gabi festeja durante vitória contra Itália
O sonho é antigo. O Brasil chega à quarta final de Mundial. Até aqui, levou a pior em 1994, para Cuba, e em 2006 e 2010, para a Rússia. Zé Roberto esteve à frente da seleção nas duas últimas medalhas de prata. O técnico, tricampeão olímpico, persegue o sonho do ouro inédito em Mundiais. Nesta edição, tem uma nova chance. Desta vez, com um grupo que se destaca pelas possibilidades.
Em um Mundial de tantas estrelas, o Brasil apareceu como um intruso. Gabi, depois de uma temporada de títulos à frente do Vakifbank, até atraía parte dos holofotes. Ainda assim, parecia ofuscada pelos destaques dados a nomes como Egonu e Boskovic. A capitã brasileira, porém, não se importou. Ao liderar um grupo sem vaidades, se comprovou como uma nova escolha acertada de Zé Roberto.
Em quadra, Gabi lidera com o sorriso, sem se importar com as câmeras. Fala, orienta, define. É referência, também, nos bastidores. Ao ser escolhida pelo técnico como nova capitã, assumiu, também, o papel de conselheira. Durante todo o Mundial, foi procurada pelas outras jogadoras para inúmeras conversas. Nos jogos, é parte essencial do sistema brasileiro. Muito bem no passe e na defesa, é a quinta maior pontuadora da competição, com 205 pontos.
Carol é outra que se destaca pelos números. Com os dez bloqueios contra a Itália, chegou a 57 no total, recorde absoluto na competição. O Brasil, porém, chega forte à final por conta do grupo. Na semifinal, Rosamaria, Lorenne e Nyeme ganharam as vagas e foram fundamentais para a vitória. Das três, apenas Nyeme havia sido titular até aqui, em apenas um dos 11 jogos da seleção.
Das 14 jogadoras, a grande maioria teve algum momento de protagonismo na campanha até aqui. Desde o início, Zé Roberto repetia que iria precisar de todo mundo. Poderia até parecer discurso pronto, mas a prática comprovou a tônica. A seleção chega à final com um grande número de possibilidades diante das dificuldades.
Boskovic voa para atacar contra o bloqueio dos Estados Unidos
E a Sérvia promete causar algumas. No confuso regulamento montado pela Federação Internacional, será a primeira equipe da outra chave no caminho do Brasil. Boskovic, claro, aparece como o principal nome. Poupada na Liga das Nações, a oposta não demorou a se mostrar fundamental no Mundial. Dona de ataques altos e certeiros, tem 216 pontos até aqui: 195 de ataque, 13 de bloqueios e oito de saque. Está em quarto lugar nas estatísticas, mas com menos sets disputados. Egonu, com 250, jogou três sets a mais. Ela, porém, tem o melhor aproveitamento da competição, com 55,4% de sucesso.
A oposta, porém, não está sozinha. Brankica Mihajlovic, conhecida pelos brasileiros por ter passado pelo Rio de Janeiro na Superliga, é outra arma ofensiva do time. Assim como Busa, um dos destaques do time na vitória contra os Estados Unidos na semifinal. A central Jovana Stevanovic promete dificultar a vida dos ataques brasileiros: é a oitava melhor bloqueadora da competição. Considerada uma das melhores levantadoras da história, Maja Ognjenovic ficou fora da convocação do técnico Daniele Santarelli. A substituta, porém, tem dado conta. Bojana Drca tem dado conta do recado.
Santarelli, aliás, é um caso à parte. O técnico italiano gerou reclamações nas redes sociais ao não colocar o Brasil entre os favoritos ao título. Agora, antes da semifinal, disse torcer pela classificação da Itália para a decisão.
Seleção festeja vitória contra a Sérvia na última Liga das Nações
Nos últimos encontros, porém, o Brasil levou a melhor. Na Liga das Nações, foram duas vitórias – a última na semifinal. As sérvias estavam sem Boskovic, é verdade. Mas não é preciso ir muito longe para lembrar da última vez que a seleção precisou encarar a oposta. E o Brasil levou a melhor. Nas Olimpíadas de Tóquio, ainda na primeira fase, o time de Zé Roberto, que ficaria com a prata, venceu as rivais em 3 sets a 1 ainda na primeira fase da competição.
O reencontro, claro, tem um nível maior de tensão. E Boskovic em uma fase ainda melhor no olhar do técnico brasileiro. É, no entanto, o último desafio antes da consagração de um grupo que aprendeu a se reafirmar a cada jogo. Sempre no limite.
Fonte: GE